Eventos

Organização e Participação em Eventos

  1. Entre 16 e 20 de julho de 2018 será realizado o 18 Congresso Mundial da IAUES (the International Union of Anthropological and Ethnological Sciences) na UFSC em Florianópolis/SC,. A prof. Dra. Juliana Machado (UFSC) e o Dr. Renzo Sebastiaan Duin (University College London / UK) irão coordenar o painel Domesticated Tropical Forest Landscapes in the Anthropocene: long-term dynamics of coupled human-natural systems and its implications for today’s land-rights issues

Nesse painel, serão realizadas as seguintes apresentações por pesquisadores do projeto Territorialidade Ameríndias:

  • Construindo territorialidades: as pessoas e as rochas no Alto Vale de Itajaí/SC – (Alejandra Matarrese) – Brasil (Juliana Salles Machado) – Brasil

As pesquisas que estamos desenvolvendo no Alto Vale do Itajaí buscam a compreensão da história socioambiental e do uso e transformação do território, dialogando com os saberes-fazeres compartilhados pela população indígena Laklãnõ da Terra Indígena (TI) Laklãnõ Ibirama, e o conhecimento gerado sobre as populações Jê meridionais em períodos pré-coloniais. Desde uma perspectiva colaborativa de pesquisa, as abordagens da tecnologia e matérias primas lítica de conjuntos arqueológicos, a informação oral, os dados de levantamentos geológicos permitem sugerir a circulação de rochas e de pessoas desde diferentes setores da área de estudo, e a existência de lugares significativos da paisagem que eram parte do caminhar e morar “antigamente” dos Laklãnõ.
Nesta apresentação discutimos dados das pesquisas etnoarqueológicas de Machado (2015, 2017) na TI Laklãnõ Ibirama sobre território e memoria, e dos estudos tecnológicos de coleções arqueológicas do Alto Vale do Itajaí, de disponibilidade de rochas e da implantação dos sítios na paisagem. Buscamos estabelecer um diálogo com os saberes e práticas sociais envolvidas na produção e utilização desses artefatos e avançar na discussão da construção da territorialidade entre as populações Jê do Sul, em termos amplos, e dos Laklãnõ em particular. Buscamos assim construir uma história indígena com múltiplas vozes, que inclua suas narrativas acerca do passado do povo Laklãnõ e refletir sobre como o passado se costura no presente para essa população

  • Territórios Indígenas e fazeres colaborativos: uma arqueologia de luta? – (Juliana Salles Machado) – Brasil 

Porque fazer arqueologia em terra indígena? Como fazer arqueologia em terra indígena? Quem pode/deve/faz arqueologia em terra indígena? Para quem e para que? Estas e outras perguntas permeiam o fazer arqueológico de arqueológxs que atuam em regiões distintas do Brasil entre os mais diversos povos indígenas em situações sócio-políticas e territoriais com trajetórias históricas distintas. Longe de ser uma área de pesquisa estabelecida no Brasil, a relação entre arqueólogxs e povos indígenas, apesar de não ser recente, tem mudado consideravelmente nos últimos dez anos. De um interesse em temas arqueológicos “clássicos” como a produção/uso/descarte artefatual, os processos de formação de sítios e/ou os padrões de uso do espaço e assentamento, vemos surgir uma multiplicidade de abordagens e temas, seguindo as tendências pós-estruturalistas contemporâneas dos estudos sociais e históricos. Chama atenção no entanto, não apenas uma mudança nas temáticas arqueológicas das pesquisas, mas principalmente, uma mudança no próprio fazer da pesquisa arqueológica. Seja impulsionado pelos cada vez mais presentes questionamentos sobre o colonialismo da prática arqueológica no âmbito teórico e acadêmico, seja resultante de uma crescente demanda dos próprios povos na construção e desenvolvimento de pesquisas sobre seu povo e suas terras – o fato é que atualmente vemos no cenário brasileiro a participação de pesquisadores indígenas das mais variadas formas nas pesquisas arqueológicas. A construção de pesquisas arqueológicas conjuntamente com os povos indígenas em muitos casos tem levado os pesquisadores não-indígenas a re-orientar suas temáticas e questionamentos para atender demandas sócio-políticas atuais destes povos, que veêm no passado uma forma de legitimar suas lutas identitárias e territoriais. Combinando o emprego de métodos científicos tipicamente utilizados em pesquisas arqueológicas com suas formas particulares de produção do conhecimento, subvertem, revertem e incitam novas perspectivas teórico-metodológicas na prática arqueológica. Estas pesquisas tem assumido assim múltiplas identidades, cujas eficácias simbólica e explicativa devem agir tanto entre o seu povo e sua perspectiva cultural quanto na ciência e seus papeis. Um dos temas que mais chamam atenção nesse âmbito transcultural é o território, seus usos, percepções e manejo na luta pelo reconhecimento de terras indígenas e de seus patrimônios culturais.